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Heartland

Creating a Life we'll Love

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mini malismo

é o mal do mini: mini-teres, mini-fazeres...

não é mal nenhum, não tem mal nenhum mas raramente lhe ouço fazer menção que não seja negativa. 

 

Ser desapegados e minimalistas pode não ser a mesma coisa. E não é de repente que nos tornamos minimalistas, não se acorda um dia tendo mudado repentinamente...no meu caso, e apesar de ter ainda um longo caminho a percorrer, consigo lembrar-me perfeitamente da primeira vez em que tive a noção clara de que gosto de ter poucas coisas à minha volta. Não me lembro em que canal deu uma reportagem sobre jardins japoneses, zen, minimalistas. 

Aí apareceu uma casa basicamente branca, em que tudo ficava escondido atrás de painéis brancos quando não estava em uso e em que as poucas peças de mobiliário manchavam de cor o ambiente imaculado. ADOREI! Já havia muito tempo que andava às turras com o facto de a televisão ser a peça central da decoração das casas que conhecia e ter tudo escondido pareceu-me genial. 

 

Consigo também perceber em mim uma maneira diferente de lidar com os objectos: tenho a mesma carteira há 20 anos. Já tentei mudar, já me ofereceram várias, que usei, durante algum tempo...depois voltei à minha. Gosto tanto dela hoje como gostei no dia em que a comprei. O mesmo acontece com algumas peças de mobiliário que tenho, com as minhas calças de ganga bootcut ou levis 501. Posso até comprar outras, usar outras, mas serão sempre mudanças temporárias. Posso até comprar uma camisola cor-de-rosa e vesti-la 2 vezes. Eu gosto mesmo é de verde-seco, azul escuro e castanho. Como gosto de aneis e bricos de prata e uso o mesmo anel todos os dias. Muitas vezes me deixo tentar no verão, sobretudo, pelas peças de artesanato: fios, colares, pulseiras, anéis...até bricos. Alguns meses depois aparecem riscos, falhas na liga e as peças mudam de cor. E eu deixo de usá-las.

Nada disto aconteceu porque um dia acordei decidida a destralhar a minha vida, o que mudou foi outra coisa: eu tomei consciência da minha tendência minimalista e de como ter carradas de coisas que não uso e de que não gosto à minha volta me pesa. Pesa-me na hora de limpar e arrumar, pesa-me na consciência ter coisas e não as usar, pesa-me no orçamento. Pesa-me. Detesto abrir um armário e ter que tirar taças de dentro de tigelas para chegar à saladeira que vou usar. Detesto ver armários desarrumados e, desde miúda, sempre que a minha mãe me mandava arrumar o quarto, começava pelas gavetas: deitava fora tudo ou quase tudo o que lá andava para poder guardar o que tinha por cima dos móveis. 

Esta coisa do ter que ter parece-me muito portuguesa. Do enfeitar a casa e de ter uma casa para as visitas verem mais do que nós lá vivermos é mesmo muito portuguesa. Um bom exemplo disso são as novelas portuguesas, e não me refiro às casas senhoriais ou às caricaturas de casa de pescador, mas sim às cassa normais,  vejam uma novela e depois a série Borgen, que passa(va) no segundo canal e creio que vão entender. 

 

Em minha casa a cama faz-se assim: sacode-se o edredon para o deixar direitinho dentro da capa e dobra-se em 3 aos pés da cama,, dão-se uns murros na almofada e volta para o lugar. A cama fica descoberta o dia inteiro, a janela aberta pelo menos até à hora de almoço e a porta do quarto fechada. E pronto. Lá estou eu a dispersar-me, para variar. 

 

O que eu queria era escrever sobre como ser minimalista não tem que ser para todos nem da mesma maneira para todos. Mas uma vez despertos para uma vida mais simples, acabamos por querer simplificar todas as áreas da nossa vida. E neste momento, apesar (ou por causa) da mudança, eu preciso rever e refazer o meu guarda-roupa e o do meu filho. O meu caso será relativamente fácil. Já no caso do T....mas de quantas peças de roupa precisa afinal um adolescente?????

Quantas t-shirts? Sweats? Pares de Ténis? Já não usam sapatos???!!!